Minas Gerais: terra do queijo, do torresmo… e dos vinhos! (Território dos Vinhos: experiências completas que fazem o turista se sentir enólogo por um dia e, claro, finalizam em uma boa degustação (Foto: Uai Turismo))
Pode parecer estranho ao ouvir pela primeira vez. Talvez sua mente tenha pensado em completar a frase do título com cachaça, afinal, é um clássico mineiro. E não está errado! Mas Minas Gerais também tem se destacado na produção de uma outra bebida muito querida, especialmente no inverno: os vinhos! O estado ainda é detentor da capital nacional dos bares, a famosa Belo Horizonte, com isso, uma coisa já é certa: o mineiro entende de bebida. Para quem entende de cachaça e cerveja, entender de vinho é o próximo passo. E esse passo já foi tomado e tem se desenvolvido em uma grande caminhada.
Além das bebidas alcoólicas, Minas também entende muito de café e é na região cafeeira que tem despontado a produção de vinhos, especialmente com as uvas Syrah e Sauvignon Blanc. O turismo tem se desenvolvido através das vinícolas, que além de produzirem vinhos premiados, recebem visitantes para conhecerem os bastidores da produção, que contam com experiências completas que fazem o turista se sentir enólogo por um dia e, claro, finalizam em uma boa degustação.
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Território dos Vinhos
Buscando valorizar ainda mais esse potencial, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, com patrocínio da Cemig, via Lei Estadual do Incentivo à Cultura, lançou o Território dos Vinhos. A rota turística combina passeios nas vinícolas com belezas naturais, patrimônios históricos, tranquilidade, aventura e o melhor que a Cozinha Mineira pode oferecer. O roteiro perpassa os municípios de Três Pontas, Andradas, São Gonçalo do Sapucaí e Caldas.
Vinícola Barbara Eliodora (Foto: Uai Turismo)
A cidade de Caldas é a nascente da produção de vinhos em território mineiro, pois no município foi desenvolvida a tecnologia de dupla poda ou poda invertida. A técnica foi elaborada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) no “Programa Estadual de Viticultura”, coordenado pelo agrônomo Murilo Regina. O método, que consiste em deslocar o ciclo da uva do verão para o inverno – se aproximando ao ciclo do café -, foi a grande sacada para a produção de vinhos finos em Minas Gerais. São realizadas duas podas ao longo do ano, com os frutos maturando no final da temporada úmida e sendo colhidos entre junho e julho, apresentando menor interferência no sabor devido ao tempo seco, com pouco sol e grande amplitude térmica do inverno. Dessa forma, os vinhos finos mineiros ganham sabores singulares em virtude das suas características únicas.
Para conhecer o Território dos Vinhos é preciso realizar uma verdadeira imersão no Sul de Minas, por isso reserve pelo menos de quatro a cinco dias para viver essa experiência. Mais do que os passeios nas vinícolas, aproveite para conhecer melhor os municípios e as diversas atividades que costumam acontecer na região, sejam shows, exposições, oficinas, apresentações teatrais ou sessões de cinema, além das paisagens exuberantes encontradas pelo caminho.
A viagem pode ser realizada por conta própria, mas fechar com uma agência de viagens proporcionará um conforto e uma segurança inigualáveis, uma vez que não haverá preocupação em pegar a estrada novamente após participar de uma deliciosa degustação e quem sabe uma estendida para provar mais vinhos na vinícola. Lembre-se: se beber, não dirija.
Vinícola Alma Gerais
A pouco mais de 200 km de Belo Horizonte, está a primeira parada do roteiro. Localizada no distrito de Macaia, dentro de um condomínio residencial, se encontra a Vinícola Alma Gerais. A vinícola foi criada com a intenção de levar o cultivo das uvas e a produção de vinhos para próximo de admiradores e entusiastas. O projeto surpreendeu desde as primeiras safras, com destaque para a linha de Sauvignon Blanc, com três rótulos da mesma uva e safra, porém um com passagem por tanques de inox, outro por concreto e o terceiro em barricas de carvalho, causando uma surpresa a cada prova.
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A Vinícola possui o primeiro wine bar flutuante do Brasil, tornando a visita ainda mais exclusiva e diversificada. Degustar vinhos finos surpreendentes já é uma delícia, mas poder fazer isso em um bar enquanto ele flutua por uma represa é definitivamente uma experiência ímpar.
Wine Bar Flutuante na Alma Gerais (Foto: Reprodução Instagram @almagerais)
A Alma Gerais possui duas experiências especiais para os amantes de um bom vinho:
Para os mais apaixonados pelo mundo dos vinhos e que sempre sonharam em ser donos de vinícola, a Alma Gerais possui uma experiência única: a Enovila. O projeto tem o objetivo de aproximar esses sonhadores com a possibilidade de possuir e viver o dia a dia de uma vinícola sem se preocupar com a parte burocrática. Cada sócio poderá ter seus momentos como “dono” em cada momento da etapa da uva, participando do plantio, corte, manejo e adubação, tendo a companhia de um concierge. Além disso, será possível se tornar um expert sobre o mundo dos vinhos, criar seu próprio blend, rótulo e cave.
Degustação Alma Gerais (Foto: Uai Turismo)
Após finalizar a experiência escolhida, é o momento de descansar para estar bem no outro dia para conhecer a próxima vinícola. A recomendação para o descanso é no Café Palace Hotel, em Três Pontas, município que fez parte da infância de Milton Nascimento e é conhecido como a Terra do Café. O hotel conta com 6 categorias de acomodação, garantindo conforto e uma boa noite de sono. Com um café da manhã variado, é possível se sentir preparado para um dia cheio de atividades.
Vinícola Maria Maria
A Maria Maria nasceu através de uma indicação médica. O fundador, Eduardo Junqueira, sofreu um ataque cardíaco e teve uma recomendação médica de tomar uma taça de vinho por dia, principalmente para abrir mão da cerveja. Com isso, começou a andar atrás de diversas vinícolas, no Sul do país, no Chile, na Argentina… e no final decidiu abrir a sua própria. Já não bastasse a história adversa da criação, a escolha do nome também surpreende. Eduardo é amigo pessoal de Milton Nascimento e contou para ele a ideia de abrir a vinícola. Bituca duvidou da ideia do amigo, mas Eduardo disse que se a vinicola desse certo se chamaria “Maria Maria”, como a música de mesmo nome.
Vinhedos Maria Maria, cercado por cafezais (Foto: Uai Turismo)
A vinícola, que fica a pouco mais de 30 km do Café Palace Hotel, foi uma das pioneiras da região. Com destaque para a uva Syrah, a vinícola também produz Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc e Chardonnay, sendo a última utilizada para produção de espumantes. Não é atoa hoje em dia é uma das mais reconhecidas, acumulando diversos prêmios internacionais. Outra curiosidade em relação aos vinhos, é a escolha dos nomes para batizar os rótulos, todos homenageiam alguma mulher da família. Na primeira safra, os vinhos se chamaram Agda (syrah 2013), bisavó de Eduardo, Ada (branco 2013), tia avó de Eduardo e Anne (rosê 2013), sua cunhada.
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Visitação: Acontece de forma intimista, com grupos pequenos e precisa ser pré-agendada. É preciso acessar o site e solicitar pelo Whatsapp. Com duração média de 3 a 4 horas, a visita inclui conhecer os vinhedos e uma degustação com rótulos especiais da casa. Preço médio de R$ 300,00 por pessoa.
Degustação Maria Maria (Foto: Uai Turismo)
Aproveite para descansar mais uma noite no Café Palace Hotel, pois no outro dia é o momento de pegar a estrada novamente para explorar mais do Território dos Vinhos. Nesse ponto, existem duas opções e ficará a seu critério a forma de realizá-lo. Há a possibilidade de andar mais, descendo de vez até Andradas, para conhecer a vinícola da cidade e deixar para conhecer a última vinícola já voltando para casa. Ou seguir para São Gonçalo do Sapucaí, que está “no meio do caminho” entre Três Pontas e Andradas, e conhecer a vinícola de lá. De toda forma, desça até Andradas à noite para um merecido descanso no Porto das Asas Park Hotel, em Andradas. E para jantar, conheça o famoso Soberano Steak House, com a famosa Raclete: uma tábua com 400g de Filé Mignon, batatas assadas e uma generosa raspa de queijo Raclette servido diretamente na mesa.
Raclete no Soberano Steak House (Foto: Uai Turismo)
Vinícola Casa Geraldo
Existe coisa mais mineira que vencer pela hospitalidade? Todo mundo sabe que mineiro é um povo danado do receptivo e foi através da receptividade que nasceu a Casa Geraldo. A vinícola já existia de forma pequena e ficava a caminho de uma outra vinícola que era mais famosa. Muitas pessoas paravam na Casa Geraldo para se informar sobre a localização dessa outra vinícola e quando chegavam, eram bem recebidas e convidadas a conhecer os vinhos da casa, resultado: a outra vinícola logo fechou.
Casa Geraldo (Foto: Uai Turismo)
A Casa Geraldo está localizada em Andradas e já tem mais de 50 anos de história, sendo passada de geração em geração. Até chegar a se tornar a vinícola que é hoje, foi um longo caminho. A história da casa começou a mudar nos anos 2000, com o aumento da demanda de vinhos finos, mas que não deram sucesso devivo as dificuldades da colheita realizada no verão. Em um projeto completamente inovador, em 2003, nasce a Casa Geraldo Turismo Gastronômico, buscando alavancar a venda de vinhos e o crescimento da marca. Mas a verdadeira virada para a vinícola mergulhar de vez na produção de vinhos finos, foi a implantação de novas tecnologias e da recém chegada inversão do ciclo da uva, com a dupla poda e a colheita de inverno, em 2010. Hoje a casa conta com uma carta de mais de 60 rótulos, que agradam os mais diversos paladares e acumulam prêmios, tendo sido, inclusive, a vinícola brasileira mais premiada no Decanter em 2024 (o “Oscar” dos vinhos).
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A Casa Geraldo conta com três opções de passeios pela fazenda, oferecendo experiências variadas:
Degustação Casa Geraldo (Foto: Lucas Godoy)
Vinícola Barbara Eliodora
Antiga fazenda de produção de leite, a Vinícola Barbara Eliodora nasceu do amor do proprietário por vinhos, que sempre participou de confrarias e realizou visitas a outras vinícolas. Mas foi experimentando o vinho de uma propriedade vizinha que veio a percepção que era possível a produção de vinho fino em Minas Gerais e decidiu começar o próprio projeto. A plantação começou em 2015, sendo pioneira na região no plantio de uvas Vitis Vinifera, variedade de origem mediterrânea, que tem um delicado equilíbrio entre acidez e açúcar e demandam um maior cuidado no cultivo. A vinícola foi inserida em um espaço inativo em que acontecia a antiga produção de laticínio da fazenda, levando a uma experiência única de apreciar a interação desses mundos.
Cave Barbara Eliodora (Foto: Uai Turismo)
Localizada em São Gonçalo do Sapucaí, a vinícola escolheu homenagear em seu nome a importante inconfidente e poetista Barbara Eliodora Guilhermina da Silveira, que fez história no município, na região de São Gonçalo da Campanha do Rio Verde, e se tornou uma figura emblemática na luta pela independência do Brasil. Barbara Eliodora foi a primeira mulher poetista no Brasil, por isso foi escolhidad para a criação de vinhos que mesclam poesia, personalidade e delicadeza com um toque de robustez, tal como a homenageada.
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A Barbara Eliodora é uma vinícola boutique, se destacando na qualidade e tendo vinhos premiados desde a primeira safra. Na propriedade há um Winebar, que permite uma imersão em uma gastronomia diferenciada, com inspiração internacional, mas ligados com a cultura regional através da utilização de produtos da região e harmonizando com os vinhos da casa.
Winebar Barbara Eliodora (Foto: Uai Turismo)
Visitação: A vinícola oferece um passeio guiado a pé pela propriedade, que precisa ser agendado através do site. A visita dura em média 2h, onde o visitante é levado a conhecer o parreiral, a parte produtiva, as caves, o engarrafamento e finaliza com uma degustação de três rótulos (tinto, branco e rosê) harmonizados com queijos mineiros, uma experiência para mostrar como acontece a modificação do sabor através da harmonização. Valor R$ 199,00 por pessoa.
Degustação Barbara Eliodora (Foto: Uai Turismo)
Ainda dá tempo de se aventurar pelo Sul de Minas ainda no inverno. Conheça o Território dos Vinhos!
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