Um grupo de estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de Brasília (UnB) foi o grande vencedor do Concurso Nacional de Ideias Estudantis para Casa Flutuante 2023, que teve como foco propostas para o Lago Paranoá. Luca Augusto Corrêia, Ana Clara Cavalcante e Artur Godoy pensaram e construíram o projeto que foi destaque na competição que teve participação de discentes de todo o país, com orientação do professor Bruno Campos. O estudante João Brunetto, do Centro Universitário Mater Dei, de Pato Branco (PR), também fez parte do time ganhador.
O Correio conversou com dois integrantes do grupo para saber mais sobre o projeto Casa Brise. Luca, que vai iniciar o décimo semestre em 2024, diz que já vem participando de concursos do tipo desde o terceiro trimestre, acumulando outros prêmios. Mas esse foi o primeiro nacional do qual ele participa. Ele destaca a ideia de abertura para a ocupação democrática do lago. “O uso recreativo do Lago Paranoá já era previsto pelo projeto de Lúcio Costa, sendo um lugar bucólico para a população de Brasília”, lembra.
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Luca destaca que um dos principais aspectos pensados foi a paisagem do Lago Paranoá, com a qual a proposta tinha que dialogar, incluindo itens que remetessem ao corpo d’água, como o remo. “Usamos elementos como brises brancos que conseguissem criar um jogo de luz e sombras para quem permeia por aquele espaço. A casa é um prisma puro, com fachada de chapas perfuradas que rotacionam no eixo como um brise”, explica o estudante.
O discente, que está prestes a se formar, quer atuar na arquitetura dedicando-se a projetos institucionais e sociais, com a constante busca por refletir sobre o impacto que a arquitetura exerce sobre o indivíduo. “Almejo desenvolver um trabalho que esteja em sintonia com as demandas contemporâneas da comunidade atingida pelo projeto, mantendo-me coerente com as exigências do meu tempo”, explica.
Os jovens tiveram apenas um mês para concluir o projeto que se sagrou campeão do concurso organizado pela iniciativa privada, representada por Luiz Piffero de Araujo Goes. A casa flutuante tem 80 metros quadrados distribuídos em dois pavimentos. O térreo é composto por banheiro social e cozinha integrada com a sala. No andar superior, encontram-se outra sala e uma suíte e, na cobertura, o ofurô com área técnica. “É uma habitação com fim recreativo, não de moradia. Não tem área de serviço, por exemplo”, diz Ana Clara Cavalcante, que é da mesma turma do curso de arquitetura e urbanismo de Luca.
“A primeira coisa que pensamos foi trabalhar com transparência, com vedação com pele de vidro. Outra ideia foi reinterpretar a arquitetura modernista de Brasília, além de dar o caráter disruptivo na paisagem do lago, tanto no conceitual quanto no visual”, detalha Ana Clara. O projeto também prevê uso de madeira e de pedras, que dialogam com a orla do lago. E como é uma casa flutuante, também conta com um motor e um timão para direcionar o percurso da casa sobre o espelho d’água.
“Ganhar esse concurso é bem gratificante. A gente vem trabalhando com a arquitetura, com o investimento da universidade na nossa educação, e esse projeto acaba sendo uma forma de retribuir para a sociedade”, afirma Ana Clara, que planeja o futuro na carreira: “Espero continuar trabalhando com projetos, quem sabe abrir um escritório de arquitetura, e sempre trabalhar com a concepção criativa, visando um melhor urbanismo e cidades mais sustentáveis e inteligentes”, confidencia.
O concurso selecionou as três melhores ideias, que embasaram a criação de um protótipo de casa flutuante com perspectivas de ocupar o Lago Paranoá. Para os vencedores, a premiação foi de R$ 1,5 mil e um passeio de barco no lago.
Bruno Campos foi professor de Luca e de Ana Clara, que tiveram a iniciativa de participar da disputa e chamaram o docente para orientá-los. “A arquitetura nunca é apenas o material, o resultado. Por trás, há todo um repertório, tecnologia, mão de obra qualificada, materiais adequados e sustentabilidade”, observa.
O docente assinala que o lago passou a ser frequentado de maneira recreativa mais recentemente, a partir dos anos 2000. “A ideia dos meninos é fazer com que o Paranoá seja um espaço recreativo e diverso, usado pela a população de todo o Distrito Federal. Mesmo com a desocupação da orla, continua inacessível”, avalia Campos, que admira os alunos. “Eles são muito apaixonados pela arquitetura. Vejo que têm vontade de sair da zona de conforto e fazer algo diferente”, diz o orientador.
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