A viagem de três servidores que acompanharam o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, para um Carnaval fora de época em Aracaju, custou R$ 18,5 mil, de acordo com dados do Portal da Transparência. Os recursos foram pedidos pelo ministro, segundo observação anexada à viagem.
O colunista do GLOBO Lauro Jardim revelou na terça-feira que a secretária-executiva da pasta, Maria Fernanda Ramos Coelho, pediu exoneração do cargo após se recusar a aprovar as viagens. A viagem ocorreu entre os dias 3 e 5 de novembro de 2023. No período, foi realizado em Aracaju o “Pré-Caju”, folia fora de época.
O evento de três dias reuniu diversos políticos do estado, base eleitoral do ministro. Macêdo esteve presente na folia durante os três dias.
“Hoje foi um dia de muita alegria e folia fora de época, com a realização da maior festa pré-carnavalesca do Brasil. O Pré-Caju vem para trazer diversão aos sergipanos gerando emprego, renda e atraindo turistas para Sergipe. É uma grande felicidade ver a alegria no rosto da nossa gente!”, escreveu Márcio Macêdo no primeiro dia de Pré-Caju.
“Segundo dia de Pré-Caju ao lado dos amigos, companheiros e companheiras. Fico muito feliz com o carinho que recebo dos aracajuanos por onde passo na folia do Pré-Caju. A festa é sinônimo de alegria e oportunidades para uma grande diversidade de trabalhadores”, publicou no segundo dia.
Por fim, no terceiro dia, Macêdo também concedeu entrevista à TV local, compartilhada em suas redes sociais.
“Mais um dia de Pré-Caju, começando no bloco Vumbora, com Bell Marques. Muita alegria na orla de Atalaia e muito carinho do povo! O Pré-Caju faz isso: deixa a gente feliz, com vontade de curtir e, no fim, traz o abraço e o contato com nossa gente”.
No pedido de concessão de diárias e passagens, o motivo para a convocação dos servidores que acompanharam o ministro era uma agenda do Instituto Renascer para Vida (Revida). O GLOBO procurou os responsáveis pela associação, mas não teve retorno.
Nas redes sociais do ministro, no período, há cinco publicações de Macêdo no Pré-Caju. Um dos servidores, cuja viagem custou R$ 6,6 mil, ficou responsável pela “cobertura audiovisual” da agenda na ONG. Outra servidora foi com a incumbência de representar o ministro.
A Secretaria-Geral da Presidência disse em nota que foi aberta sindicância para apurar a viagem dos funcionários.. “Sobre a viagem de funcionários do Ministério foi determinada a abertura de sindicância para apurar os fatos noticiados”, diz o texto.
A nota diz ainda que “nunca houve tratativa sobre quaisquer passagens nem diárias de viagem entre a ex-secretária e o ministro Márcio Macêdo” e a exoneração se deu por questões pessoais.
Nesta quarta-feira, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) apresentou uma representação para que o Tribunal de Constas da União investigue a viagem realizada pelo ministro. No documento protocolado nesta terça-feira, o subprocurador-geral Lucas Furtado pediu que o TCU adote as medidas necessárias para investigar “possíveis condutas atentatórias à moralidade administrativa” no uso de verbas públicas para compra de passagens. De acordo com o MPTCU, o caso poderia constituir desvio de finalidade no uso de recursos públicos.