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A morte do jornalista Paulo Pestana comoveu amigos e colegas. A vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), destacou o legado de do jornalista, “que nos ensina a valorizar a leveza e a simplicidade da existência”. Para ela , Pestana será lembrado pela competente carreira e pela significativa contribuição ao jornalismo da capital federal, por meio de seus ensinamentos e dedicação.

Rosangela Rabello, mais conhecida como “Tia Rô” da Quituart, lembrou dos anos de amizade com o jornalista, destacando que Paulo Pestana era o tipo de amigo que dava carinho, mas também chamava atenção, quando necessário. “Ele ajudava a resolver o possível e o impossível e sentava numa mesa de bar e tomava uma a perder de vista”, afirmou. “Como dói falar dele sem estar com ele, sem poder vê-lo e tocá-lo… Dói demais. Só que dentro da gente ele não partiu, vamos sempre lembrar de tudo de bom: do bom garfo; das sugestões de prato; do sorriso gostoso; da cumplicidade; e da amizade”, acrescentou.

Editor de Cultura nos anos 1990: apoio às bandas que começavam a despontar no país

O ex-governador José Roberto Arruda afirmou estar “profundamente consternado”. “Brasília perde um dos seus melhores talentos na área da comunicação. Que sua memória e legado continuem a nos inspirar”, destacou. “Um mestre da comunicação”, disse o secretário de Governo do DF, José Humberto Pires. “Perdi um amigo querido, um grande colaborador e orientador. Paulinho estava sempre ao nosso lado, fazia parte do nosso dia a dia. Foi um profissional de admirável sabedoria, criatividade e desenvoltura”, disse.

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) se solidarizou com os familiares e amigos. “Pestana deu enormes contribuições para o jornalismo brasiliense, quando atuou no Correio Braziliense, TV Globo, Estado de S. Paulo e Rádio Nacional. Atuou também no cenário político como um dos principais mentores da campanha do governador Ibaneis Rocha”, disse.

O deputado federal Fred Linhares (Republicanos-DF) contou que a presença de Pestana foi muito importante no seu caminho, não apenas no jornalismo e na política, mas também na vida. “Oro para que Deus console os corações da família, dos amigos e de todos os colegas de profissão”, pontuou.

O deputado distrital Joaquim Roriz Neto (PL) também se pronunciou: “Um amigo estimado, profissional ético e referência para a comunicação”, lamentou. Leandro Grass, presidente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), se solidarizou com os amigos e familiares. “Que sejam confortados e encorajados nesse momento de dor”, disse.

O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Distrito Federal se manifestou em nota. “Tido por colegas como uma pessoa culta, respeitosa, atenciosa e generosa, Pestana compartilhou conhecimento pelas redações e outros trabalhos por onde passou.”

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“Ele era o irmão que eu nunca tive”, disse o jornalista Luis Augusto Mendonça, ao se referir a Pestana. Ambos se conheceram em 1976 e trabalharam juntos no Correio, na Rede Globo e na Rádio Nacional. “Desde essa época, a gente nunca se separou”, ressaltou. A calma de Paulinho era uma de suas marcas registradas. “Eu costumava brincar que ele era o nosso Drummond. Jornalista de primeira e ensaísta maravilhoso. Por pior que fosse o problema, Paulinho sempre tinha uma palavra e um norte para resolvê-lo; tinha um jeito manso e humilde”, contou.

Ao Correio, Luis Natal, jornalista e amigo, falou como é até difícil encontrar apenas algumas histórias para contar: “A gente viveu muitas coisas juntos, criamos os filhos juntos”. Amigos há 40 anos, Luis considera Paulinho como o melhor e mais lúcido cronista de Brasília. Ele conta que Paulo era conhecido e exaltado por seu grande conhecimento geral e que, além de amigo, era um dos fãs dele.

Também com uma amizade de longa data com Paulo Pestana, o assessor especial do GDF Bartolomeu Rodrigues comentou que é “difícil falar” nesse momento. “Era uma amizade de 40 anos, no mínimo. Mesmo ele estando em outro veículo, sempre ficamos muito próximos. Conversávamos quase que diariamente, sempre brincando e trocando ideias”, recordou.

“Era uma pessoa com sensibilidade à flor da pele. Falando de política, ele dava ‘nó em pingo d’água’. Estava sempre sorrindo, nunca vi Paulinho de cara feia”, descreveu Bartolomeu. “Ele vai deixar uma saudade imensa. Até agora, a ficha não caiu. A todo momento, fico tentado em mandar uma mensagem para ele, pois está difícil acreditar que o Paulinho se foi”, lamentou.

José Natal do Nascimento, também amigo de redações, revelou que conversou com Pestana no fim de semana e que ele aparentava estar bem. Com quase 40 anos de amizade, a dupla se encontrava sempre que podia. “Ele era muito versátil, escrevia de tudo, tinha uma sensibilidade aguçada e era bem humorado. A bagagem cultural, então, nem se fale… tinha uma memória musical muito interessante”, descreveu. Sobre o impacto da perda, ele comentou: “Fui acordado às 3h com a notícia. Fiquei assustado e demorei para entender o recado. O jornalismo perde um grande talento”, afirmou.

Devido à inteligência, Pestana era conhecido, por alguns amigos, como “cabeção”, segundo o músico Tião Rodrigues, o Tiãozinho do Squema Seis, que foi informado do falecimento pouco antes de ligar para Paulo. “Estava me preparando para propor um projeto a ele, que era um grande agitador cultural, mas, quando o telefone tocou, veio a notícia. Foi tão inusitado que a ficha ainda não caiu”, contou. Para o músico, o jornalista foi o padrinho dos botecos de Brasília, tema recorrente em suas crônicas. “O legado de Paulo? O amor pela capital, que tanto foi retratado em suas histórias”, concluiu.

A jornalista Daniela Lima, da GloboNews, também foi às redes sociais prestar uma homenagem. “Dono de uma elegância e de uma correção incríveis e inigualáveis. Sempre acessível, sempre honesto, sempre cabeça aberta e boa. Que coisa mais triste. Meus sentimentos à família e aos muitos amigos que ele tinha”, afirmou.

O apresentador Bruno Melo, da CBN, também falou sobre a perda do jornalista. “Um grande profissional! Pestana era um dos assessores mais próximos do governador Ibaneis. Teve papel fundamental na campanha que elegeu o emedebista. Sempre prestativo, atendia a todos os profissionais da imprensa. Ótimo papo, ótimo texto, uma grande figura”, disse o jornalista.

Todas as sextas-feiras e aos domingos, os leitores do Correio Braziliense eram brindados com os textos de Paulo Pestana. Paulinho mapeava com muita clareza a vida dos brasilienses. Os temas eram sempre variados, mas em todos havia o tempero candango que Pestana levou pela vida toda. Confira:

O último seresteiro

“Brasília foi criada sob o ritmo da seresta. Nos primeiros anos, o presidente Juscelino Kubistchek trouxe vários músicos para animar as noites frias e cheias de estrela do Catetinho, um antídoto contra a calmaria que antecedia os frenéticos dias de obras.

Havia a bossa nova de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, convidados a criar a Sinfonia da Alvorada e que se inspiraram no regato do palácio de tábuas para compor Água de Beber. Mas era a seresta que dava o tom.

Estrelas do rádio como Silvio Caldas e Dilermando Reis — este também professor de violão de JK e quem apelidou a construção de Catetinho, alusão do Palácio do Catete, sede do governo no Rio de Janeiro — embalaram muitas serestas e a tradição se seguiu por anos na capital, com artistas se apresentando nas casas noturnas, aliviando as dores de amor ou embalando amores clandestinos.”

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Vida Moderna

“Há pouco o mundo teve acesso a um milagre da inteligência artificial na forma de uma canção dos Beatles que, com a morte de John Lennon, estava confinada a uma fita cassete em gravação de péssima qualidade. Anos atrás os três remanescentes tentaram trabalhar na canção, mas a tecnologia da época não permitia a separação e recuperação da voz, alcançada somente agora, graças à inteligência artificial.

O resultado emociona. Não pela música em si, produção menor de Lennon, mas pela possibilidade de se ouvir novamente a voz dele, aliada à guitarra de George Harrison gravada naquela tentativa anterior e aos outros companheiros, vivos. McCartney cria uma linha de baixo arrebatadora e Ringo faz o que faz de melhor — o toque reto.

Hoje é possível pedir a uma inteligência artificial que componha e grave uma canção “no estilo” dos Beatles. Ou de qualquer artista. Mas ela sempre será produto reciclado, criada a partir do que foi feito anteriormente, sem a centelha que transforma o simples no divino.”

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Entre chatos e lunáticos

“Era um falso louco como Hamlet, mas estava mais para bufão do que para príncipe. Andava pelos bares da cidade recitando poemas épicos inteiros, caprichando na entonação e a plenos pulmões. Preferia ir ao velho Beirute, onde os frequentadores reagiam, normalmente com apupos — sim, era um tempo em que se apupava ao vivo e não escondido em rede social — desde a entrada em cena. (…)

Brasília era coalhada de gente assim. Pessoas a procura de uma identidade, em busca de reconhecimento, tentando se encaixar em alguma alcateia, embora não fossem mais que carneiros. Deslocados, chatos, sem noção, tinham pouco a oferecer, mas se expunham. Não eram lunáticos, mas queriam ser reconhecidos como tais.”

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Entre o mito e o homem

“A história de Brasília, acompanhada de perto por testemunhas que ainda estão entre nós, também vem sofrendo revisões periódicas. Mesmo com registros diários da epopeia da construção da capital no meio do ermo é eivada de lendas, muitas criadas pelo jornalismo romântico que tinha a necessidade de criar heróis.

Um desses homens foi Bernardo Sayão, engenheiro que teve a tarefa de transformar os desenhos criados nas pranchetas em realidade. Se contava que ele mesmo pegava no cabo do facão mateiro para abrir picadas no cerrado, chamava os peões pelo nome, era comparado a um Hércules pela força e entusiasmo; um homem a quem era impossível dizer não.

A morte de Sayão, vitimado por um galho caído de uma enorme árvore, foi cercada de misticismo desde a primeira notícia. Ele não era invulnerável? Quis o destino que o corpo de Sayão fosse o primeiro a ser sepultado no Campo da Esperança.

A história desse homem, se não recontada, está sendo esmiuçada em um livro diferente, sensível e amoroso. Caminhos, afetos, cidades (edição do autor) abraça o primeiro mito criado por Brasília a partir do relato de Sérgio de Sá, neto do engenheiro, professor da UnB, jornalista.”

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Uma longa primavera

“Ainda era inverno, embora atípico, com aqueles dias ferventes do final da estação. Ele chegou, escolheu um galho da árvore de atemoia e soltou o trinado. O sabiá laranjeira é talvez o maior cantor da primavera, parecendo mais disposto do que os outros passarinhos, que também capricham nos gorjeios para atrair uma mocinha cheia de penas.

É um canto bonito, longo. Não é alegre; carrega uma certa melancolia nas suas notas, quase um blues. E se tudo der certo, uma passarinha cai na lábia e eles serão felizes enquanto a chama durar.

Não está fácil. Já faz alguns dias que ele canta, alternando o palco entre a atemoia e o abacateiro, o que mostra que ele vai precisar se esforçar mais ou procurar outra freguesia à procura da companheira de mais uma estação.”

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Colaborou Camilla Germano

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